quarta-feira, 13 de julho de 2011

Mortes pelo fumo chegarão a 10 milhões ao ano em 2030

As mortes relacionadas ao cigarro devem dobrar até 2030, chegando a 10 milhões por ano, afirmou nesta sexta-feira (09), a coordenadora do programa de controle de tabaco da Fundação Mundial do Pulmão (WLF), Judith Longstaff Mackay.

De acordo com ela, se nas economias avançadas o mercado para o cigarro está diminuindo, o contrário está acontecendo nos países em desenvolvimento.

"Acho que é importante não ficar comparando, mas há cerca de 3 milhões de mortes por tuberculose ao ano e 5 milhões de mortes anuais pelo cigarro, e elas estão aumentando", disse ela à Reuters numa entrevista.

"Até 2030, esses 5 milhões vão estar mais perto de 10 milhões, vão ter dobrado … e o maior fardo está nos países em desenvolvimento", afirmou ela, que participa de uma conferência internacional sobre saúde do pulmão.

A fundação trabalha junto com grupos como a OMS - Organização Mundial da Saúde para promover a saúde pulmonar. Mackay é conselheira da OMS e critica fortemente as indústrias de cigarro.

O fumo é uma importante causa de câncer de pulmão, garganta, bexiga e de outros problemas graves de saúde.

Apesar das provas científicas sobre os riscos do fumo à saúde, mais gente está fumando no mundo todo, disse ela. Estima-se que hoje haja 1,3 bilhão de fumantes no mundo, e esse número deve subir para 1,64 bilhão até 2030.

O mercado global de tabaco movimenta bilhões de dólares por ano, e a China e os Estados Unidos são os dois maiores fabricantes de cigarro do mundo, segundo a Sociedade Americana de Câncer. A entidade chama a China de uma "bomba relógio", com aproximadamente 320 milhões de fumantes.

Segundo o Atlas do Cigarro de 2006, publicado pela sociedade, os quatro países com maior número de fumantes homens - que respondem pela maioria dos fumantes do mundo - são o Iêmen, o Djibuti, o Camboja e a China.

"Na Ásia, especialmente, há mais poder de compra, mais sucesso financeiro, e as pessoas podem comprar mais cigarros", disse Mackay. De acordo com ela, os países em desenvolvimento estão registrando avanços como a proibição do fumo em lugares públicos e da propaganda de cigarro.

Fonte: Estadão Online

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mortes por doenças crônicas caem 20% com luta antifumo

A política brasileira de combate ao fumo no Brasil, que reduziu pela metade o número de fumantes no País nas duas últimas décadas, mereceu um capítulo inteiro da revista científica britânica Lancet em uma edição especial sobre saúde no Brasil, publicada neste mês. A cruzada antitabagista é tratada como estratégia de sucesso e apontada pelos pesquisadores como um dos principais motivos para a queda de 20% na mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no País, entre 1996 e 2007.

"A diminuição ocorreu, particularmente, em relação às doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas. E isso graças à implementação bem-sucedida de políticas de saúde que levaram à redução do tabagismo e à expansão do acesso à atenção básica em saúde", diz o artigo. Isso porque, segundo os médicos, o cigarro é o primeiro fator de risco evitável para as doenças mais letais no mundo, as cardiovasculares.

Em 1989, quando o Instituto Nacional do Câncer (Inca) inaugurou o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, 32% dos brasileiros com mais de 15 anos fumavam – índice que caiu para 17,2% para essa mesma faixa da população em 2008, segundo o IBGE. A pesquisa mais recente sobre o tabaco, divulgada há um mês pelo Ministério da Saúde, mostrou que, entre indivíduos acima de 18 anos, 15,1% fumavam – taxa que é um pouco maior na capital, onde chega a 19,6 %.

Hoje, o Brasil tem a menor prevalência de fumantes da América Latina. Mas, mesmo assim, o tabaco ainda provoca cerca de 200 mil mortes por ano no País, segundo a Organização Pan-americana da Saúde (Opas). Cada cigarro contém mais de 4 mil substâncias tóxicas. Entre elas, a nicotina e o monóxido de carbono, que promovem a degradação da camada interna dos vasos sanguíneos, o endotélio.

O resultado disso são vasos de menor calibre para os fumantes e maior propensão a enfartes e derrames (AVCs), explica o cardiologista Carlos Alberto Machado, coordenador de ações sociais da Sociedade Brasileira de Cardiologia. "Outros fatores de risco para essas doenças vêm da interação entre a genética e o ambiente. O tabaco, não. A pessoa escolhe estar sujeita a ele."
Para o médico Alberto José de Araújo, coordenador da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os dados apresentados pela Lancet refletem bem o impacto da redução do fumo na saúde da população.

"As doenças crônicas custam muito caro ao sistema de saúde e o combate ao fumo é um fator crucial que tem ajudado na redução das doenças cardiovasculares e respiratórias", diz. Segundo ele, ainda é preciso fazer um trabalho mais intenso entre os jovens, já que o vício costuma surgir na adolescência.

Foi o caso da secretária Angela Maura Mariani Pardo, 49 anos, que começou a fumar aos 18, escondida no banheiro do clube. "Tinha amigas que fumavam durante os bailes. Eu passava mal, mas fumava para fazer parte do grupo", conta. Há dois anos, ela conseguiu jogar fora seu último maço, seguindo os passos dos pais, que já tinham parado de fumar por recomendação médica.

"Minha pele ficou maravilhosa, a respiração mudou. Passei a ter mais fôlego e a fazer ginástica.
Também comecei a sentir melhor o gosto dos alimentos", conta. Após algumas tentativas frustradas, conseguiu deixar o vício quando aderiu a um programa antifumo desenvolvido pela empresa em que trabalha, com acompanhamento médico e sessões de terapia em grupo.

As mulheres, contudo, estão na contramão da tendência de queda do tabagismo. Entre 2006 e 2010 a porcentagem de fumantes mulheres da capital passou de 14,6% para 16,8%. Isso ajuda a explicar a incidência do câncer de pulmão entre elas: ele já é o segundo mais comum entre as mulheres do País, atrás apenas dos tumores de mama, segundo a médica Tânia Cavalcante, da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro (Conicq), do Inca. O tabagismo, aliás, tem relação com pelo menos dez tipos de tumores.

(Fonte: Mariana Lenharo - Jornal da Tarde)