quarta-feira, 15 de julho de 2009

Empresas brasileiras estão mais dispostas a combater o cigarro

Para Barreiros, gerente de saúde e qualidade de vida da Philips, o retorno da campanha anti-fumo vale o investimento
Publicado originalmente emPor Margareth Boarini, para o Valor, de São Paulo30/05/2008

Dos 4.300 funcionários da unidade de Tubarão da ArcelorMittal, apenas 1,6% fumam. O resultado é reflexo de um trabalho intenso de combate ao tabagismo iniciado pela empresa há 16 anos, que virou benchmarking para unidades do grupo dentro e fora do país. O esforço da companhia nesse sentido é tanto que o índice de sucesso, que sinaliza quantas pessoas após o tratamento não voltam a fumar, chega a 70%. Na Johnson & Johnson, esse percentual é de 60%. Primeira empresa no Brasil a obter o selo de ambiente livre de tabaco, a companhia ampliou a batalha contra o tabagismo depois que a matriz norte-americana solicitou a todas as filiais que trabalhassem de forma mais firme nesse sentido.Assim como nessas duas empresas, o desafio de abandonar o cigarro passou a ser oferecido dentro do local de trabalho, com grande parte dos custos bancados pelos próprios patrões. Uma ampla pesquisa realizada pelo laboratório Pfizer em 14 países coloca os empregadores brasileiros entre os mais dispostos a intensificar o apoio e a assistência aos colaboradores que querem dizer adeus ao cigarro, com 87%. Na frente dos brasileiros, apenas os indianos, com 91%. Batizado de Global Workplace Survey, o estudo levou onze semanas para ser concluído. Foram entrevistados 3.515 colaboradores adultos fumantes e 1.403 empregadores de empresas com mais de cem funcionários no Brasil, Índia, China, França, Alemanha, Itália, Japão, Polônia, Coréia do Sul, Espanha, Suécia, Tailândia, Turquia e Reino Unido.Conduzida pela Harris Interactive, a pesquisa se propôs a investigar atitudes e opiniões de empregados e empregadores com relação ao cigarro e ao abandono do tabagismo. A intenção era mostrar o perfil e a aceitação do fumante no ambiente de trabalho, as responsabilidades na cessação do tabagismo, impacto do fumo na produtividade individual e no negócio, política interna relacionada ao ato de fumar, acesso às estratégias para parar de fumar e a existência ou não de fumódromos. No Brasil, o questionário foi aplicado em companhias dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.O estudo apontou que fumar é algo fora de moda. Para 98% dos empregadores e 95% dos funcionários é inaceitável fumar no ambiente de trabalho. Eles também concordam que ter um ambiente livre de tabaco, fumódromos e políticas internas antitabagistas ajudam muito, mas acreditam que apenas essas medidas não são suficientes. A percepção é que as empresas precisam ser mais pró-ativas e ter ações compartilhadas com grupos de ajuda e fundações, por exemplo. Na visão das empresas, 87% delas deveriam ajudar na cessação do tabagismo, enquanto para os colaboradores este índice é de 69%.O combate ao cigarro sempre integrou programas de promoção da qualidade de vida no mundo corporativo, mas o fato de o vício embutir um risco alto de desenvolver doenças graves e causar absenteísmo, queda na produtividade, fez com que o tema ganhasse evidência. Monitorar a saúde e prevenir problemas amplia a produtividade e melhora a relação empresa/funcionário. O que aparece no clima organizacional e reduz os custos com seguro-saúde. "Muitas empresas, geralmente pequenas e médias, ainda desconhecem que podem contar com a orientação de secretarias de saúde de suas cidades e não oferecem uma ajuda mais completa nesse sentido, mas isso é questão de tempo, porque a disseminação da prática de hábitos saudáveis entre os colaboradores é cada vez mais latente", afirma o médico Alberto Ogata, presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). Tão latente que em muitos processos de seleção e recrutamento a questão da atividade esportiva e do cuidado dispensado com a saúde passou a ser incluída e muito valorizada, segundo o headhunter Ricardo Bevilacqua, diretor-geral da consultoria Robert Half no país.A própria Pfizer, que encomendou a pesquisa, decidiu desenvolver um programa de apoio há dois anos, quando preparava o lançamento de um produto nessa área. Realizou uma pesquisa entre funcionários e familiares para saber quantos fumavam e qual a percepção que tinham do tabagismo. A partir daí, criou uma campanha de conscientização dos benefícios com o fim do vício. "Tomamos cuidado para deixar claro que parar de fumar é uma decisão da pessoa e que respeitávamos o momento de cada um. Queríamos mostrar que quem quisesse parar poderia contar com a ajuda da empresa", afirma Lizandra Ambrózio, gerente de benefícios da área de recursos humanos. No ano passado, o programa da Pfizer foi oficialmente lançado e desde então 308 colaboradores já passaram por ele. O índice de sucesso está em 58%.O combate ao tabagismo dessas grandes companhias não se dá apenas com folhetos educativos. Geralmente, contam com equipes multidisciplinares compostas por médicos, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, que realizam consultas pessoais, sessões em grupo e fornecem medicamento, chiclete ou adesivos, de acordo com a decisão conjunta do médico e paciente. Na maioria dos casos eles são extensivos aos familiares. Os programas também têm em comum a sugestão da empresa para o funcionário explorar mais a área de qualidade de vida da companhia, seja com práticas esportivas, leitura ou outras atividades que o afastem do cigarro."O valor do investimento neste programa é muito baixo. Aqui na Philips, nos últimos três anos foi da ordem de R$ 45 mil. Nada se comparado com o alto retorno em ter funcionários mais saudáveis, motivados e crentes de que a companhia está do lado deles", afirma Renato Barreiros, gerente da área de saúde e qualidade de vida. A empresa preocupa-se com o tema desde 1984. A partir de 1991, percebeu que apenas a simples prevenção não bastava e concebeu um projeto mais completo até ganhar em 2005 a forma que tem hoje. Batizado de Programa AntiTabagismo e validado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo ele é voltado para as unidades de SP e Capuava. Desde o segundo semestre do ano passado, a Philips vem estendendo o programa para as demais unidades.O fumante que opta em participar do programa não gasta um centavo com medicamento, bancado integralmente pela empresa. No caso de não conseguir parar de fumar, o funcionário pode recomeçar o tratamento quando quiser. O mesmo acontece na ArcelorMittal. Segundo o médico Fernando Ronchi, gerente de medicina e saúde da unidade de Tubarão e coordenador do comitê de saúde da empresa para toda a América, não há forma mais eficaz de tratar do fumante a não ser com um tratamento multidisciplinar. "Dois anos atrás, criamos 34 áreas externas, delimitadas, para o funcionário fumar. Hoje, dos nossos 4.300 funcionários, apenas 69 fumam", conta o executivo.O apoio da empresa na cessação do vício é fundamental na visão do empregado. "Já havia tentado várias outras vezes, mas sem sucesso. Quando a companhia lançou o programa, eu me inscrevi e junto com mais dez colegas participava das sessões com as psicólogas. Estar perto dos amigos, dentro do local de trabalho e saber que a empresa apóia a decisão foi importante no processo", afirma Jucimara Rubini dos Santos, coordenadora de treinamento de vendas da Johnson & Johnson.

Um comentário:

  1. Quero deixar minha colaboração pois hoje postei na empresa a necessidade de se combater o tabagismo na empresa onde trabalho e também iniciar este combate na empresa a qual sou sócio.
    Eu nunca fumei e não comprtilho deste habito, sou a favor da eliminação deste habito nas empresa , e principalmente nos lares.
    Gostaria de receber dicas, programas, implantados em outras empresas, e auxilio para implantar em nossa empreas.
    Roberto Bonfim da Fonseca - Gerente comercial vendas de ar condicionado central.
    rbfonseca@onda.com.br

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